Cozinhar é minha principal forma de amar

Cozinhar é minha principal forma de amar

Quando entramos para o mundo da cozinha não imaginamos a proporção que nossos feitos culinários alcançarão.
Durante minha trajetória na gastronomia eu fiz muitos eventos, dei muitas aulas e tive contato com emoções diferentes em cada cliente. Alguns agradeciam pessoalmente, outros mandavam email de agradecimento, outros me colocavam toda vermelha no meio dos convidados para que fosse apresentada, outros batiam palmas. Cada um tinha uma reação diferente.
Mas este final de semana passei por um dos momentos mais emocionantes da minha vida e como não consigo tira-lo da cabeça, resolvi contar para vocês.
Em um dos meus cursos, falava sobre minha trajetória em restaurantes e citei a época que trabalhei no Varanda 1103 no Shopping Del Rey. Para quem não sabe, meu primeiro trabalho como Chef de cozinha foi no Varanda. Clarinha era picurrucha ainda e eu, muito inexperiente, recebia aos 20 anos a responsabilidade e a honra de montar a cozinha de um restaurante que ainda estava sendo construído.
Era um desafio e tanto! Mas eu sabia que conseguiria.
Montamos a estrutura da cozinha, a equipe, receitas e fichas técnicas…tudo impecável e funcionando da maneira que uma equipe enxuta, mas eficiente, dava conta.  Fiquei lá por 1 ano mais ou  menos por não conseguir conciliar a maternidade com o stress, dobras e horas extras que só quem trabalha dentro de uma cozinha entende.
Enquanto contava sobre o Varanda, uma das alunas me perguntou:
– Você chefiou o Varanda em qual época?
– Ahh, bem no inicio, quando abriu.
E ela então se pôs a chorar!
E eu?  Fiquei extasiada! O que será que aconteceu pra ela chorar assim?
Ninguém entendeu direito o que estava acontecendo até ela contar que quando  se mudou para Belo Horizonte, ela e o marido iam almoçar lá. E vendo a beleza e o sabor dos pratos, vendo como eram bem executados e quanto carinho tinha naquele alimento, se sentiam bem recebidos e valorizados. E que ela nunca pensou que pudesse agradecer pessoalmente a quem fazia aquela comida. Ela lembrou o nome dos pratos, da salsinha finalizando a farofa, da cestinha de folhas…todos os detalhes que faziam o cardápio do Varanda um sucesso.
Vocês tem noção do quanto isso me encheu de motivação? Minha equipe era mesmo formidável, mas quando digo que cozinhar é uma forma de amar, não estou soltando uma frase vaga no ar. Eu amo através do alimento. É na cozinha que consigo expressar melhor meus sentimentos.

Ao nos despedirmos ela me deu um abraço e agradeceu por ter feito o final de semana dela muito feliz. E eu não pude dizer o quanto ela encheu meu coração e minha alma de felicidade.

Sou muito feliz por ter encontrado em meu caminho pessoas que encheram meus passos de esperança, de orgulho e oportunidades. E hoje, mais uma vez com os olhos cheios de lagrimas, agradeço. Muito obrigada Carla!Muito obrigada!

E pra quem ficou curioso, vou mostrar um exemplo de como era lindo o prato do Bê:
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